Afirmar hoje que a órbita dos planetas descreve uma elipse ou que seu movimento não é uniforme não é nenhuma novidade – é apenas enunciar duas leis básicas da astronomia moderna. Não era bem assim na época em que Johannes Kepler fez suas descobertas. Numa Europa convulsionada pelos conflitos da Contra-Reforma, o melhor era não proclamar nada em voz alta, mesmo que décadas antes Copérnico já tivesse previsto que a Terra girava em torno do Sol. Recém-ingressado na Universidade de Tübingen, o então modesto estudante de teologia Johannes Kepler decidiu se lançar à perigosa tarefa de comprovar a descoberta de Copérnico. Tinha a seu lado o mestre e mentor Michael Maestlin, um dos astrônomos mais talentosos da época. Quatro décadas mais tarde, octogenário e angustiado por não ter dado ao pupilo o apoio de que necessitava, Maestlin relembra a atribulada trajetória pessoal e intelectual de Kepler. Misturando reminiscências do mestre aos diários que Kepler lhe enviou pouco antes de morrer, este romance histórico reconstrói a trajetória de um pesquisador determinado, rumo a uma nova astronomia e a sua obra-prima, ‘A harmonia do mundo’ – síntese do conhecimento humano com que Kepler pretendeu demonstrar a perfeição da obra divina, da geometria à música, da astrologia à astronomia. Para escrever o romance, Marcelo Gleiser realizou extensa pesquisa em busca de documentos e manuscritos originais.
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