Laboratório Itinerante de Ensino de Sociologia

domingo, agosto 15, 2010 Postado por tiago ramos 0 Eurekas!

"A Sociologia é o estudo da vida social humana, grupos e sociedades. É uma tarefa fascinante e constrangedora, na medida em que o tema de estudo é o nosso próprio comportamento enquanto seres sociais.

A esfera de ação do estudo sociológico é extremamente abrangente, podendo ir da análise de encontros casuais entre indivíduos que se cruzam na rua até à investigação de processos sociais globais [como, por exemplo, as migrações e as novas tecnologias de comunicação].

A maior parte de nós vê o mundo em termos das características das nossas próprias vidas, com as quais estamos familiarizados. A Sociologia mostra que é necessário adotar uma perspectiva mais abrangente do modo como somos e das razões pelas quais agimos. Ensina-nos que o que consideramos natural, inevitável, bom ou verdadeiro pode não o ser, e que o que tomamos como 'dado' nas nossas vidas é fortemente influenciado por forças históricas e sociais. Compreender as maneiras ao mesmo tempo sutis, complexas e profundas, pelas quais as nossas vidas individuais refletem os contextos da nossa experiência social é essencial à perspectiva sociológica.

Aprender a pensar sociologicamente - por outras palavras, olhar mais além - significa cultivar a imaginação. Estudar Sociologia não pode ser simplesmente um processo rotineiro de acumulação de conhecimentos. Um sociólogo é alguém capaz de se libertar do quadro das suas circunstâncias pessoais e pensar as coisas num contexto mais abrangente. O trabalho sociológico depende do que o autor americano C. Wright Mills, numa frase famosa, denominou de imaginação sociológica."

Anthony Giddens, Sociologia, 5ª edição, F.C. Gulbenkian, Lisboa, 2007, pág.2

IN. http://cadernosociologia.blogspot.com/2008/08/o-que-sociologia.html

segunda-feira, julho 05, 2010 Postado por Lucas Okado 0 Eurekas!

O Laboratório Itinerante de Ensino de Sociologia, um projeto do programa “Universidade Sem Fronteiras” do governo paranaense, tem nos proporcionado algumas experiências únicas em sala de aula. A quase seis meses integrando a equipe do projeto, já visitamos três escolas neste período. E cada uma das escolas tem nos ajudado a aperfeiçoar a forma com que realizamos as visitas. Encerramos neste semestre o período de visitação às escolas, com o intuito de aproveitar esta experiência adquirida e aparar algumas arestas, principalmente com relação às oficinas. Nosso intuito agora é, sem precisar descartar as idéias conceituais, reformular alguns aspectos, procurando transformar as atividades pedagógicas em algo mais interativo, com um caráter mais lúdico. Queremos desta forma trabalhar os conceitos das ciências sociais de forma mais atrativa para o aluno.

Isso foi resultado da reflexão que fizemos após visitar as escolas e do feedback dos alunos que propuseram. Foi muito gratificante para mim, após aplicar uma oficina em um colégio em Bom Sucesso, conversar com os alunos durante o intervalo e tentar explicar a eles um pouco mais sobre a sociologia e a própria universidade. Apesar da vontade de aprender e de futuramente ingressar em uma faculdade como a UEM, me entristeceu muito ao saber das dificuldades que a maioria dos alunos daquele colégio enfrentam. Cometi uma gafe, tentando disponibilizar mais matérias para os alunos que falavam comigo, ao solicitar o e-mail deles e ninguém ter acesso à internet em casa. Isso me entristeceu muito, mas logo eu percebi que a vontade que eles demonstravam em querer aprender poderia facilmente romper qualquer obstáculo.

Experiência com as oficinas

quinta-feira, julho 01, 2010 Postado por Laboratorio Itinerante 0 Eurekas!

Gostaria de falar da minha experiência no L.I.E.S. Estou no projeto há dois meses. O período de minha entrada foi marcado pelo rompimento com as fronteiras da universidade, ou seja, pelas visitas aos colégios de Jandaia do Sul e de Bom Sucesso. Em Jandaia do Sul realizei, juntamente com um colega, uma oficina sobre “Família e Gênero”. Sua proposta era discutir o conceito de família e falar sobre a mudança na estrutura familiar do ponto de vista sociológico. A dinâmica da oficina consistia em separar os alunos em grupos e pedir para que olhassem alguns recortes que foram selecionados por nós e colassem em uma folha grande os arranjos de pessoas que, para eles, se constituíam como família. Dentre as imagens selecionadas, uma dizia respeito a um casal de homens com três filhos, o que causou certo frisson nos estudantes. A atividade foi bem interessante, pois os alunos, em grupos, discutiram se colavam ou não a tal imagem na folha, ou seja, discutiram, de maneira exaltada muitas vezes, o direito dos homossexuais constituírem família. Os que eram a favor deste direito tentavam convencer os que eram contra. Frases do tipo “Em que mundo você vive?” e “Se existe amor entre eles, para mim tudo bem” foram mencionadas. Depois dos alunos discutirem internamente em seus grupos, lemos o texto “Laços de família” da revista Época, ano IV, n 191, 14 de jan. 2002, p. 30-32.

Outro momento foi a oficina de “Gênero e Papéis Sociais” feita em Bom Sucesso. Essa realizei juntamente com uma colega. Dividimos a sala em cinco grupos. Para cada grupo distribuímos revistas e uma folha grande para que nela fossem feitas colagens. Primeiramente, para nortear os trabalhos, começamos com o seguinte questionamento: Você acha que existe uma divisão de papéis sociais entre homem e mulher? A intenção era que os alunos, se acreditassem nesta divisão dos papéis, colassem imagens relacionadas a estes. Antes de verificarmos os resultados, foi lido um pequeno texto explicando o conceito de gênero segundo a sociologia e, posteriormente, iniciada a discussão. Quanto aos resultados, estes foram de distintas naturezas. Um trabalho mostrou a divisão clássica dos papéis sexuais, a de que o homem é responsável pela sustentação financeira da família e a mulher pelo serviço doméstico (que não foi considerado como trabalho), pois como veremos na imagem, além de realizar as atividades dentro de casa, a mulher também trabalha. Outro considerou não existir muitas diferenças entre as atividades feitas pelo homem e a mulher, exceto as relacionadas à ornamentação e estética. Questionamento sobre as funções dos atores sociais também foi feito. Vejamos as imagens:

Imagem do trabalho do 1ºano A do colégio estadual de Bom Sucesso- PR

Imagem do trabalho do 1ºano A do colégio estadual de Bom Sucesso-PR

Postado por Marcela Peregrino Bastos de Nazaré

Experiências e atividades

quinta-feira, junho 24, 2010 Postado por Mariana Amália 0 Eurekas!

Após muito planejamento e construção de todos os materiais para a instalação, marcamos as visitas e fomos para as escolas. Com objetivo de despertar a curiosidade, montamos a instalação em Jandaia do Sul. Percebi logo em nossa chegada que muitos alunos observavam os painéis, querendo saber o motivo de estarmos lá. Frases como “Para que servem estes caixotes?”, “É poesia?”, me fez entender que independentemente da proposta do ensino de sociologia, proporcionamos a sensação da curiosidade e questionamento. Tivemos alguns tropeços em relação a toda a estrutura em si e sua utilização pelos alunos. A interatividade que buscamos ocorreu mais com as CAIXINHAS DE CURIOSIDADE e as imagens vistas nos MONÓCULOS, do que com os painéis. Estes foram lidos e questionados, o que, de certa forma, ocasionou também um estranhamento. A maioria dos alunos não tinha tido contato com uma estrutura como aquela, com toques artísticos em imagens e formas.

A recepção do material de apoio foi positiva, os cadernos foram entregues para todos os alunos do ensino médio tanto em Jandaia do Sul quanto em Bom Sucesso, nosso segundo destino. As oficinas funcionaram muito bem nos dois colégios, com temas estudados pela sociologia como CONSUMO, TRABALHO e GÊNERO. Produzimos materiais em sala através de recortes realizados pelos alunos. As discussões ao final de cada atividade iniciaram a prática da inserção da sociologia em temas cotidianos. A experiência da elaboração, montagem e utilização do espaço criado revelou o desafio de prender a atenção do aluno e estimular uma reflexão critica sobre sua realidade, por meio de temas que são vivenciados e que acabam por serem naturalizados em nosso cotidiano.
Encerramos, por enquanto, as visitas nas escolas. Agora podemos aparar as arestas, reformular as oficinas, pensar numa nova disposição do espaço físico dos materiais e avaliar as atividades já executadas, propondo novas ações para o LIES.